O QUE É SER ATOR
Por Eva Wilma
Minha
trajetória no palco começou com a dança. Eu estava prestes a me tornar
uma bailarina clássica quando fiz uma das escolhas mais difíceis em
minha vida – lembro-me como se fosse hoje -, deixar meu projeto de ser
uma bailarina clássica, porque eu sabia que, para concretizá-lo, teria
que sair do país. Optei por ficar e ir à luta pela sobrevivência, aos
dezoito anos de idade. Optei por continuar com o balé dentro e fora de
mim, falando, representando. Escolhi o ofício de ser atriz.
Tinha recebido três convites simultâneos: pertencer ao Teatro de Arena, o
primeiro grupo da América Latina, do José Renato. Ficamos dois anos
fazendo teatro em fábricas, em casas particulares, em clubes, até
construirmos a nossa sala de espetáculo, o atual Teatro de Arena Eugênio
Kusnet. O segundo foi um contrato de cinema de dois anos e, por último,
um contrato de televisão de um ano para um programa chamado “Namorados
de São Paulo” que depois se transformou em “Alô Doçura” e durou dez anos
no ar.
De lá para cá foram mais de 45 anos fazendo teatro,
cinema e televisão. Saí do palco para o picadeiro (a Arena), portanto
tenho uma noção muito clara do ofício do ator. Até me angustia o fato de
receber muitas cartas, do Brasil inteiro, com cerca de 80% delas
dizendo: “quero trabalhar na televisão, me arranja um caminho”. A
televisão, como dizia Stanislaw Ponte Preta, nosso saudoso Sérgio Porto,
“esta máquina de fazer doido” veio para ficar. Ela é uma força de
comunicação de massa muito grande e ilude as pessoas. E isto me angustia
muito porque é preciso que as pessoas saibam o que é realmente o
exercício do ofício de ator.
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